Depois de um longo tempo ausente, resolvi iniciar esta temporada aqui na Coréia contando um pouco sobre a nossa viagem ao Vietnã.
Muitos me perguntaram o motivo da minha escolha. É engraçado. O que foi motivo de espanto para nossos queridos amigos ou até mesmo agentes de viagem no Brasil, passou a ser um espanto para mim. Por que o Vietnã? Porque é um país com uma história incrível, palco de uma das guerras mais comentadas na década de 80 e ainda em 90, quando eu fazia o cursinho pré vestibular e meu professor de geografia de gabava do "mico" que os americanos pagaram por perderem a guerra para um povo "franzino". Claro que o discurso do professor estava cheio de ódios ao "imperialista"americano, mas nós, adolescentes, adóravamos as provocações. Pena que ficávamos só nisso. A questão é bem mais séria e acho que não entendemos o que foi a guerra e nem o horror que ela produziu, apesar deste ser tão divulgado. Ficamos prisioneiros das imagens.
Passados alguns anos, sem entrar em detalhes da idade, deixando de lado as provocações ideológicas, resolvi escolher este país para passar as minhas férias. Acertei em cheio. Muita história, um povo pra lá de engraçado, agitado, com uma variedade enorme de frutas que até parece que estamos no Brasil.
Sem fazer apologias, aí vai um pouco do que vimos e sentimos nestes 9 dias de Vietnã.
Partimos de Busan, na Coréia do Sul, no vôo da Vietnan Airlines, às 10 horas da manhã, chegando em HO CHI MINH às 13 horas ( horário local). O dia estava quente, como era de esperar no mês de abril, quando ainda está calor, mas com poucas chuvas.
Escolhemos o Hotel Continental Saigon já que é uma referência histórica, junto com o Hotel Rex. Construído sob o domínio francês, teve como hóspedes André Malraux e Graham Greene. Este último escreveu um livro chamado O Americano tranquilo, depois adaptado para o cinema. Pelo que li, este filme foi rodado em 1958 e em 2002.
Foi incrível ficar lá. Tem outros hotéis mais luxuosos, mais novos, mas como eu adoro ficar em lugares que contam um pouco da história, valeu. Além disso, o café da manhã foi muito bom.
Confesso que o meu maior objetivo em Ho Chi Minh era ver os túneis Cu Chi, usado pelos vietcongs ( termo pejorativo que significa comunistas vietnamitas, usado pelos EUA e o governo de Saigon para designar os resistentes integrados na FNL - Frente Nacional de Libertação) na guerra do Vietnã. Mas, enquanto eu resolvia qual era a melhor agência para nos levar até lá, fomos até o Museu de Ho Chi Minh. Como a maioria dos museus, ele é rico em fotografias. Aos poucos, vamos percebendo que as histórias se repetem. Mas não me arrependo de ir em cada um deles. Até porque, muitos estão em lugares que foram prédios públicos na administração colonial.
Museu de Ho Chi Minh
Como comecei a ter uma leve paranóia que poderia chover e o lugar ficar interditado, e não conseguir ir até Cu Chi e blá, blá, blá, fechamos com uma agência perto do Hotel, a Saigon tourist. Por favor, se não quiser pagar bem mais caro, não faça no hotel. É que por ser barato, muitas vezes nem procuramos preços melhores, mas é possível fazer por um preço bom, confortável e em segurança.
No ínicio do passeio, já em Cu Chi, temos uma breve explicação do que foi a guerra e como era viver nos túneis. Claro que não fazemos o percurso todo, mas é possível ter uma ligeira idéia do que foi viver dentro destes buracos. Agora, imaginem com a pressão do inimigo voando por cima de você, doido para acertar um caminho daquele. Foi incrível. Não temos nem de perto idéia do que é viver uma guerra.
Uma das armadilhas para pegar o inimigo que tentava encontrar os túneis.
Um buraco pequeno, onde os vietcongs se refugiavam antes de chegarem aos túneis. Pensei em me aventurar, mas fiquei com medo de não conseguir sair de lá. É muito estreito. Você pode tentar, basta ter bom humor, caso não consiga sair sem uma ajudinha.
Depois, passamos por um corredor que mostra a armadilha e uma figura de como ela funciona. Nada animador.
Esta é a entrada para o túnel. É muito estreito, temos que andar ajoelhados ou agachados. Tem uma saída para quem não aguentar. Confesso que fiquei surpresa. Fui até o fim. Eu, e a senhora fotografada entrando no túnel. Os homens também fugiram um pouco, mas termiram o percurso. É rápido. Pena que não dá para parar e fotografar. O colega atrás é capaz de te matar se você fizer isto!
Aqui ainda está grande.
Saída
Uma espécie de posto médico. Como este local, também tem cozinha e sala de reunião.
Como em todo lugar no Vietnã, o busto de Ho Chi Minh está presente, num lugar separado, para não ser esquecido.
De todos os templos e Pagodes que fomos, este foi o que mais gostamos. Silencioso, limpo e tranquilo. Bem diferente de quase todos que nós visitamos. Só depois fui saber que ele foi um dos mais importantes pagodes da revolução comunista. Foi centro de resistência ao chamado governo colaboracionista de Ngo Dinh Diem. Além disso, três de seus monges se sacrificaram em público em protesto, queimando o próprio corpo. Uma das fotos mais chocantes que vimos, já que o horror do gesto contrasta com a firmeza com que o monge se coloca enquanto está em chamas.
Pagode Xa Loi
Pagode do Imperador de Jade
Fiquei meio frustrada com este templo. Aliás, acho que minha identificação com estas manifestações religiosas ficaram um pouco abalada com esta viagem. Tirando o pagode anteriormente citado, todos me deram uma sensação meio sombria. Claro que é algo muito pessoal. Respeito muito a religiosidade das pessoas. Acho que foi o excesso de incenso que me deixou atordoada. Vai saber...
Para contrastar com os templos da religião, temos o templo do capitalismo atual. Um moderno prédio de uma empresa de petróleo. Espero que este dinheiro seja bem aproveitado.
No bairro Cholon você poderá ver vários templos e pagodes, além de uma mesquita. O nome Cholon significa mercado grande. Quem não gosta de tumulto, é melhor fugir desta programação. Mas quem gosta, faça com tempo, pois vale a pena caminhar pelas suas ruas e sentir o clima agitado das motocicletas passando por lá, além dos templos, é claro!
Pagode Quan Am.
Interior do Pagode.
Mesquita de Cholon
Perto do hotel, já de volta, um passeio pelos arredores é possível ver belos prédios e jardins.
Comitê do Povo
Em frente, um lindo jardim com a estátua de Ho Chi Minh.
Não muito longe fica esta construção. Palco da cena histórica, quando um tanque do exército norte - vietnamita invadiu o jardim, passando por cima dos portões em 1975, é o símbolo da reunificação do país.
Palácio da Reunificação.
Este templo é bem pequeno e não está marcado no mapa do livro guia da Folha de São Paulo, mas fica no caminho do templo citado abaixo.
Este é o templo Hindu . Como ainda não aprendi a usar minha máquina, não consigo visualizar a foto que tirei da fachada. Mas, do interior, o que achei interessante foi a quantidade de pessoas que alisavam esta estátua, que eu não consegui saber o que era. Se tiver alguém que entenda, pode postar um comentário que eu agradeço.
Templo Hindu de Mariamman
Um dos mercados da cidade. Lá, você pode comprar todas as lembranças que deseja, pois é mais barato. E também, ótimas blusas Polo Ralph Lauren por uma bagatela de 10 dólares, duas! hehehe
Mercado Ben Thanh
Dentro do prédio, ao fundo, o quadro de Ho Chi Minh.
A Catedral de Notre Dame.
Na última noite, resolvemos fazer um passeio de barco pelo rio Saigon. É um jantar bem bacana, com um show pra turistas, que eu adoro, e comida típica. Pra falar a verdade, fui morrendo de medo de sair com fome. Mas comi tudo e passei a aproveitar todos os jantares dos pacotes de passeios que fizemos. Tá. Você está pensando que comi cachorro? Não!!! A comida deles não se reduz a isso. Experimente. Você pode gostar.
O show.
O famoso hotel Rex. Eu li no livro guia da Folha de São Paulo que era aqui que os oficiais dos EUA transmitiam o resumo para imprensa, conhecido como "Loucuras das Cinco Horas".
O Teatro Municipal.
Pessoal, tiramos inúmeras fotos. Claro que isto é só uma parte do que vimos. Mas de tudo o que vivemos lá, o que mais nos deixou encantados, foi o povo. Claro que tivemos algumas surpresas. O primeiro choque, foi o trânsito.
Acostumados a atravessar a rua depois do sinal ficar vermelho, lá, se você fizer isto, nunca irá atravessar. Isto porque, no caso de existir algum sinal, ele não é para você e, sim, para os carros que seguem em outra direção. A primeira vez que tivemos que atravessar a rua, ficamos estressados. Como iremos fazer isto, nos perguntávamos com terror. A frase que mais disse nos primeiros 40 minutos na rua foi: olha lá aquela mulher atravessando! Ai meu Deus!!! Depois, fui entendendo que eu teria que relaxar. Eu ando e eles é que desviam de mim. Ficou fácil? No início não. Até que me deu uma doideira e resolvi atravessar, mantendo o ritmo do passo para ser previsível para quem dirige, de olhos fechados. Respirei, me concentrei e atravessei. Uau! Se eu fizesse isso no Rio de Janeiro pararia no meio fio. Foi aí que minha viagem começou. De olhos fechados, num país desconhecido, fui. Fui com a segurança da figura simbólica do Louco. E percebi como é bom, às vezes, caminhar de olhos fechados pro mundo e aberto para alma.
Para vocês terem uma idéia do que vimos, alguns vídeos e fotos de momentos que nos deixaram vibrando com este povo que vibra, pulsa e nos ofereceu dias maravilhosos.
Pai e filho chegando para assistir o show em frente a Teatro no domingo de manhã. A arquibancada era composta de inúmeros motoqueiros que iam chegando com seus filhos, namoradas e amigos.
Uma senhora fazendo a massa fina de arroz, que mais parece uma folha, para o rolinho primavera.
O Pagode Xa Loi
Trabalhando nas calçadas de Saigon.Ao perceber que eu iria tirar uma foto dela, rapidamente abriu um sorriso. É uma festa.
O trânsito. Vejam que não há o menor constrangimento em seguir pelas calçadas.